De acordo com a Organização Mundial da Saúde - OMS, o Transtorno Bipolar (TB) é uma grave condição médica, que acomete cerca de 60 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, o número de diagnosticados pode chegar a 6 milhões, o que representa uma parcela considerável da população.
O Transtorno Bipolar é caracterizado por períodos de hipomania/mania alternados com episódios depressivos, ao longo da vida do indivíduo. Existem casos de Transtorno Bipolar com sintomatologia mais leve, em que o indivíduo, embora sofra com os sintomas, não chega a apresentá-los de uma forma tão disfuncional, a ponto de precisar de uma internação psiquiátrica, por exemplo. Já outros casos cursam com crises mais graves, que muitas vezes necessitam de uma internação em ambiente hospitalar, até a estabilização do quadro.
Em geral, nos casos “mais leves”, sobre o qual comentei acima, o paciente oscila ao longo da vida entre períodos de hipomania e períodos depressivos.
Na hipomania, o paciente experimenta sensação de intensa alegria, autoestima elevada, excesso de energia, tende a falar mais do que o habitual, tem maior dificuldade para dormir e apresenta aumento dos prazeres (por comida, bebidas e outras drogas, por compra e sexo, por exemplo). Apesar desses sintomas, geralmente o paciente consegue permanecer funcional (trabalhar, estudar, relacionar-se com os outros), muito embora com alguma dificuldade. Às vezes, essa fase pode ser confundida como "muita ansiedade".
Na mania, a sintomatologia é mais intensa, impedindo o paciente de exercer suas funções de vida diária. Seu comportamento torna-se um risco para os outros e para si.
Vejamos algumas das características da fase maníaca do TB:
- Elevada autoestima, com uma sensação de grandiosidade, poder e otimismo ao extremo; - Redução da necessidade de sono, pelo excesso de energia: a pessoa é capaz de ficar dias e noites acordada, fazendo mil e uma coisas sem parar e sem se sentir cansada ou com sono. - Aceleração do pensamento: o pensamento fica tão acelerado, que a pessoa não para de falar, fala muito rápido, ao ponto de o discurso ficar incompreensível, sem lógica; - Gastos em excesso: a pessoa não consegue parar de comprar, compra sem limites, coisas muitas vezes sem necessidade, podendo ficar extremamente endividada. - Aumento da libido: o desejo sexual pode ficar exacerbado nesses casos. O indivíduo pode não conseguir estabelecer critérios para a escolha de um parceiro ou de um local apropriado.
- Inquietação /Agitação: o indivíduo não consegue ficar parado, sente-se muito inquieto e agitado. Anda pra lá e pra cá, e pode até sair andando por aí, sem rumo, percorrendo grandes distâncias. - Pode haver um consumo exagerado de álcool, tabaco ou outras drogas, muito além do que o indivíduo possa ser acostumado a usar;
- A pessoa se expõe constantemente a situações de risco, e pode conferir também riscos aos outros, por se tornar agressiva, explosiva e impulsiva nos períodos de mania;
- Delírios: muitas vezes são delírios de grandeza (achar-se muito importante, poderoso, milionário), de conteúdo místico-religioso ("sou o enviado por Deus pra salvar a humanidade"), de perseguição (estão todos o perseguindo na rua, rindo dele, querem matá-lo). - Alucinações: a pessoa pode ouvir vozes e vê pessoas ou objetos que não existem.
Nos episódios depressivos, o indivíduo se encontra com:
- Tristeza na maior parte do dia;
- Choro sem motivos
- Intensa falta de energia; - Não sente prazer nem interesse em nada;
- Sentimento de desesperança, culpa e inutilidade - Tem dificuldade em se concentrar; - Tem muito sono ou apresenta insônia; - Pode até ter pensamentos suicidas. Esse transtorno causa importante prejuízo na vida do indivíduo (e de quem convive com ele), se não tratado corretamente.
Dra. Fernanda Dionísio
Psiquiatra
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